Fui
no traficante, jaleco branco, olhar vazio,
“Psiquiatra”, nome chique pra esse tipo de desvio.
Peguei a droga em cinco minutos cravados,
Sem perguntas, sem pudores, só receituários assinados.
"Ansiedade,
é? Normal nos tempos modernos."
Disse ele, com o tédio de mil invernos.
Me receitou paz em cápsulas, sono em miligramas,
Um ticket direto pras almas que se calam.
A
sociedade? Um hospício com wi-fi e salário.
Sorrisos filtrados, corações no armário.
Todo mundo fingindo que tá tudo ok,
Com Lexotan no bolso e Rivotril no café.
Vivemos
entupidos de "cura" prescrita,
Mas ninguém lembra mais como é viver à vista.
Anestesiados, drogados de forma elegante,
Com a bênção do CRM e a farmácia vibrante.
Então
brinde, cidadão, com seu copo de apatia,
Você venceu o dia... ou ao menos a insônia da noite fria.
Só não se esqueça, no seu transe sereno:
O verdadeiro doente é o sistema, e não o veneno.
-
Daniel André
“Psiquiatra”, nome chique pra esse tipo de desvio.
Peguei a droga em cinco minutos cravados,
Sem perguntas, sem pudores, só receituários assinados.
Disse ele, com o tédio de mil invernos.
Me receitou paz em cápsulas, sono em miligramas,
Um ticket direto pras almas que se calam.
Sorrisos filtrados, corações no armário.
Todo mundo fingindo que tá tudo ok,
Com Lexotan no bolso e Rivotril no café.
Mas ninguém lembra mais como é viver à vista.
Anestesiados, drogados de forma elegante,
Com a bênção do CRM e a farmácia vibrante.
Você venceu o dia... ou ao menos a insônia da noite fria.
Só não se esqueça, no seu transe sereno:
O verdadeiro doente é o sistema, e não o veneno.

Olá, Daniel!
ResponderExcluirUm texto muito pertinente ao caos social e humano.
Agradecer por "vencer" um dia é formidável, não da forma pejorativa que você soube colocar com categoria de mestre.
Li seu belo escrito para meu padrinho, um retrato social perfeito.
Justamente quando eu falava sobre ser avessa às drogas (medicamentos) a não ser estritamente por uma eventual infecção... por exemplo.
Que dirá lexotan ou Riviotril!
De fato, o sistema é doente.
Parabéns pela concatenação de ideias!
Tenha uma semana santa abençoada!
Abraços fraternos
E para esse sistema doente não há vacina nem prescrição conhecidas.
ResponderExcluirAbraço
Incrível teu texto,Daniel! Tantos são os que só com remédios consegue a vida encarar e viver... Gostei muito da crítica ao sistema! abraços, chica
ResponderExcluirDan André
ResponderExcluirEste poema é um espelho incômodo e necessário da nossa era medicada. Com um tom irônico e versos diretos, o autor conduz-nos por um consultório onde o alívio vem em cápsulas, mas o vazio permanece. A crítica social é afiada ,sem perder a cadência poética,e toca num ponto sensível: a normalização do sofrimento travestida de tratamento.
A linguagem crua e coloquial nos aproxima do discurso, quase como uma conversa de bar ou desabafo noturno. Mas há beleza nesse desencanto: uma estética do inconformismo que revela, entre linhas, um desejo urgente de autenticidade.
No fim, resta a pergunta não feita, mas latente: estamos curando ou apenas silenciando o grito?
Muito pertinente.
Grata pela visita!
Muito bem descrito o poema, Daniel
ResponderExcluirDisse tudo que estamos vivendo na sociedade onde as prescrições obedecem o sistema médico e farmacêutico . Pobre de quem espera resultados.
Um abraço e Feliz Páscoa
Boa tarde. Linda publicação poética.
ResponderExcluirDeixo votos de uma Páscoa feliz extensivo aos seus familiares e amigos
Muito bom. Adorei ler :))
ResponderExcluir.
Mesmo que a alegria não seja muita, derivado ao tempo instável, não quero deixar passar sem vos desejar uma Santa Páscoa, recheada de Saúde e Paz
Uma Santa Páscoa.
Beijos. Seja Feliz!
Fantástico! 👏
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