O idílico trem das cores
trilhava sua melodia em minha pele,
enquanto eu,
embrulhado em quatro cobertores,
namorava o frio
e o perfume úmido da terra recém-chovida.
Minha mente,
carregada por tempestades de sentir,
deslizava entre lembranças e silêncios,
como se o tempo fosse líquido
e eu, gota a flutuar.
Às vezes sou chuva —
trago no peito a essência da lágrima.
Às vezes sou a luz entre nuvens espessas,
ou a labareda tímida
de uma vela que insiste em brilhar.
Mas sou feliz.
Respiro as músicas que me compõem,
e mesmo em dias nublados,
sou tocado com ternura
pelo silente pouso de uma borboleta.