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Vou mostrando como sou, e vou sendo como posso. Insta: @danielrprj

15 de abril de 2023

Despida, Amor

 


Despida-se para mim, amor —
não do corpo,
mas da alma que se esconde em véus.
Quero ver tua essência primeira,
sem pressa, sem alvoroço,
com a delicadeza que merecem os céus.

Sem filtros, sem máscaras sutis,
a felicidade não se finge em pose.
Encontrar-me em teus sentidos
é ter razões íntimas para sorrir…
sem que nada precise ser dito.

Quero tocar a silhueta da tua luz
com olhos vastos como o mar sereno,
e me excitar — não com o fugaz,
mas com a pureza do teu ser pleno.
E então sussurrar: amor… bem-vindo.

Não busco o orgasmo que some,
mas o entrelaçar que permanece,
o instante onde deixamos de ser metades
para sermos verdade inteira
no abrigo de um amor que reconhece.

 
Daniel André
 

8 de abril de 2023

A estante


o todo, o instante
é arquivado na grande
estante das saudades
na memória liquida
constante e transparente
do que já vivemos.
 
é um mar de amor que afoga
a lembrança de um sabor
que se paralisa no cheiro 
de um simbólico perfume,

a dor é coberta, mas
as janelas ficam abertas
para o vento assoprar
o que machuca e
também acalma.
 
o ponteiro do relógio, sou eu:
que arquiva as saudades
como um oito deitado.

são tantos tatos,
todos os sentidos misturados
perdidos e encontrados
mas todos na estante
num mísero e fugaz
instante.
  
Daniel André