Quem sou eu

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Vou mostrando como sou, e vou sendo como posso. Insta: @danielrprj

21 de dezembro de 2013

Coração não proclamado


Talvez você não saiba,
mas eu te amo…
E vou te amar com toda a alma,
vou te exaltar em cada verso,
até que o universo, em letras cintilantes,
rosadas, puras, como pétalas ao vento,
te traga de volta — pra perto de mim.

Às vezes, flutuo sem rumo,
guiado pelos rastros coloridos
das asas de uma borboleta encantada,
na esperança de que sua beleza me leve
direto pro aconchego
do teu abraço afável.

O caminho que o meu coração traça
é feito de rosas vermelhas —
sangue que pulsa versos,
e sonhos que gritam silenciosamente
para que esse amor não se perca na sombra.

Talvez você nunca saiba,
mas te amar é meu ar,
é o que faz meu peito viver
entre suspiros que se recusam a morrer.

É a chama da minha coragem,
minha espada de luz em meio ao escuro.
É o meu amor — inteiro, fiel, real.
E o seu…
que ainda se esconde
atrás do silêncio fatal.

Daniel André

16 de dezembro de 2013

Consequências


Apedreja meus sentimentos
com sílabas afiadas de orgulho,
como quem cospe nos restos de um altar —
e vai buscar consolo
na sarjeta da rua.

Afoga tua culpa numa garrafa,
na espuma amarga do arrependimento,
enquanto delírios apertam tua garganta —
e agora foge...
do álcool que tu mesmo invocaste.

Baterás a porta com fúria cega,
e o eco ressoará nas entranhas
do concreto frio que um dia chamaste
de lar.

Tatearás por um alívio qualquer,
talvez um disco velho com nossas canções —
e quando a agulha riscar o silêncio,
sentirás cada nota
lacerar teu corpo.

O ar pesará como chumbo,
e a pele já não conterá
o que tua alma sangra em silêncio.
Quando enfim caíres —
no escuro, no fim, no nada —
eu descerei até teu abismo...
pra te resgatar
do poço.

Daniel André

15 de dezembro de 2013

Que culpa tem meus olhos?

Que culpa têm meus olhos,
se foi você quem escolheu
esse jeito doce e leve
que me encanta ao entardecer?

Que culpa têm meus olhos,
se ao te ver, tudo acalma,
com teu andar de poesia
e a leve dança da tua alma?

Que culpa têm meus olhos,
se mesmo sem teu abraço,
te guardo feito segredo
numa carta, num traço?

Os dias vão, não se misturam,
feito óleo e água na mesma canção.
Mas meu amor brilha ao te ver —
meus olhos… não têm perdão.

Daniel André

12 de dezembro de 2013

Novela das oito

Reunidos na sala, sabíamos bem:
a novela das oito era a atração,
o tempo parava com cada cena,
pintando sonhos no coração.

A realidade então se escondia
nos olhos da doce mocinha,
o vilão era só meio danado,
mas rendia trama certinha.

Na era do preto e branco,
o amor reinava na tela,
e o mocinho, todo elegante,
fazia a vida mais bela.

Embalavam-se beijos e juras
nas trilhas que o rádio tocava,
e o vinil com trilha sonora
girava enquanto o amor dançava.

E quando o último capítulo chegava,
com suspiros e adeus na demora,
lágrimas caíam em silêncio,
no peito de alguma senhora.

Daniel André

10 de dezembro de 2013

Irmão mais velho

Carregava nos ombros, tão pequeno,
o peso maduro de um lar inteiro:
o pão e o leite no trajeto ameno,
os irmãos guiados no caminho primeiro.

Seu campo de futebol? As calçadas.
O tempo de brincar ficou pra trás.
Na infância, costurava madrugadas
com fios de coragem e nunca de “mais”.

Tomou para si o posto de guardião,
sem que pedissem — e sem reclamar.
Fez do silêncio sua proteção,
um afeto em brasa a disfarçar.

Foi herói sem medalha ou glória,
mas colheu nos olhos da lembrança,
o mais puro prêmio da história:
o amor dos irmãos... e de suas crianças.

Dan André

2 de dezembro de 2013

Na época das cartas


Na banca modesta de um velho senhor,
descobri um anúncio de outros tempos —
palavras ternas, segredos ao leitor,
confissões em papéis com sentimentos.

Recordo o carteiro, sempre sorrindo,
com cartas de amor e fraternidade;
trazia, no passo lento e bem-vindo,
o eco suave de alguma saudade.

Papéis perfumados, tão delicados,
cruzavam fronteiras, céus, corações;
nas mãos, os rostos iluminados,
ansiosos por doces emoções.

Juras sussurradas entre linhas,
selos com arte, toque de flor.
Hoje, só chegam contas mesquinhas,
mas guardo memórias com muito amor.


Daniel André