No lodo escuro, onde o pântano é rei,
Desponta a lótus, pura, imaculada,
Sua beleza em meio à lama é lei,
Flor que resiste à dor enraizada.
Assim também a alma iluminada
Se ergue firme em trevas de maré,
Não se corrompe, mesmo encharcada,
Pois guarda a luz onde a esperança é fé.
Que importa o fel, a dor, a noite fria,
Se há no peito um sol que não se apaga?
O coração, em paz, floresce o dia.
Tal como a flor que a podridão não traga,
Quem ama a vida em sua poesia
Transcende o caos e nunca se propaga.
— Daniel André