Quem sou eu

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Vou mostrando como sou, e vou sendo como posso, jogando meu corpo no mundo ...

15 de abril de 2023

Nudez

 


Despida-se para mim, amor
quero apreciar a nudez
da virgindade de sua alma
sem alvoroço, com calma.
 
sem filtros, sem plumas
a felicidade não é para se fingir
encontrar-me em teus sentidos
é ter íntimos motivos para sorrir.
 
tocar a silhueta de sua luz
com olhos de um mar infindo
excitar-se na pureza do seu ser
e te dizer: amor, bem-vindo!
 
sem o desejo efêmero do orgasmo
nos entrelaçarmos em um
não sermos mais a metade
mas verdade de um amor comum.
 
Daniel André
 

8 de abril de 2023

A estante


o todo, o instante
é arquivado na grande
estante das saudades
na memória liquida
constante e transparente
do que já vivemos.
 
é um mar de amor que afoga
a lembrança de um sabor
que se paralisa no cheiro 
de um simbólico perfume,

a dor é coberta, mas
as janelas ficam abertas
para o vento assoprar
o que machuca e
também acalma.
 
o ponteiro do relógio, sou eu:
que arquiva as saudades
como um oito deitado.

são tantos tatos,
todos os sentidos misturados
perdidos e encontrados
mas todos na estante
num mísero e fugaz
instante.
  
Daniel André

27 de junho de 2022

Estruturalismo social

 

Chega beirar a naturalidade
a negação da essência do viver
para caber em mundos maiores
pessoas desconhecem o seu poder.
 
O negro, um dia colonizado
que hoje, nega a escravidão
e age como um homem branco
vivendo a sua racial prisão.
 
O gay que para ser aceito
disfarça viver como hétero
discrimina os assumidos
com medo de ser descoberto.
 
A mulher submissa na história
ao poder do patriarcado
não consegue compreender
que o machismo ficou no passado.
 
O pobre que se conformou
em não questionar o despotismo
a democracia aqui se esconde
para dar lugar aos ricos.
 
A religião que deveria religar
se transforma em disputa de terra
os valores que eram para salvar
agora são de ódio, politica e guerra.
 
Daniel André

26 de junho de 2022

Transcendental

 

Amadeirado aroma da saudade
o beijo perdido
se encontrava na verdade
de um leque de lábios.
 
Montes coloridos de flores
estava um cara ali sozinho
cultivando amores
no campo surreal da mente.
 
Infinitos baús de fantasias
alguns cadeados quebrados
e liberados na grande tela
do dia a dia
 
Mais um ponto no cosmo
gritando o transcendental
perguntava um homem
o que é ser normal.
 
Daniel André.

16 de junho de 2022

Crônica gramatical

 

Atropelado
por um objeto direto
fui conduzido até um hospital.
 
Anotaram-me
um número cardinal, enquanto
o médico, chamado Dr. Advérbio
retirava agulhas de exclamação
que perfuravam o meu corpo.
 
- Ele é um jovem moço, (diziam
as enfermeiras) vamos orar ! E
através das orações coordenadas
e subordinadas a um grau superlativo,
que o verbo em meu peito, voltou
a pulsar.
 
Fui vestido de bons adjetivos,
e alimentado de substantivos simples, 
concretos.
Mas foi quando abri os olhos
e comecei a fonéticar,
ganhei aplausos dos pronomes
de um caso reto, que faziam em silêncio
uma análise sintática, da minha voz
passiva.
 
 
Daniel André