Quem sou eu

Minha foto
Vou mostrando como sou, e vou sendo como posso. Insta: @danielrprj

30 de maio de 2021

Cotidiano de um homem


Gosto de acordar com afirmações leves,
nas entrelinhas do bocejo do sol.
A brisa sacode o orvalho das plantinhas,
meu gato ronrona na janela,
enquanto passarinhos brincam
no vapor do café que dança na cozinha.

O amor está em tudo.

Os momentos mais belos da vida
não gritam sob holofotes —
moram nos detalhes que passam despercebidos,
mas ganham moldura na memória
de quem sabe olhar com o coração.

Amo minha presença,
minha estante cheia de livros,
e o ato de amar sem medo.
O restante...
geralmente,
me viro.

Sou promíscuo nos meus ouvidos.
Transito entre gêneros,
porque a alma precisa de diferentes sons
pra curar o que, às vezes, nem nome tem.
Mas meu vinil ainda arranha bonito
em Roberto Carlos, Barry White,
Jim Croce, Clara Nunes...

Amo a simplicidade do meu mundo.

Abuso da gentileza —
e dela faço meu escudo.
Meu oratório vive aberto,
como meu peito em prece.
Acendo velas, incensos,
leio as luas com olhos de encantamento.
Tenho planetas em Peixes,
ascendente em Aquário,
e o sol...
escondido no pulsar tímido
de um caranguejo sonhador.

 
Daniel André

15 de maio de 2021

Nunca te vi

Nunca te vi.
E ainda assim, me lembro —
dos beijos trocados
em mundos distantes,
onde o tempo se curva
ao que o amor sente.

Teu cheiro me surge,
sem razão ou aviso,
guiando os caminhos
do meu improviso.
Feromônio antigo,
meu delírio é teu rastro,
no palco noturno
do sonho mais vasto.

A noite me embala,
faz versos em mim,
acaricia os cabelos
com silêncio sem fim.
Na sinastria calma
que o cosmos revela,
um grande amor pulsa —
e talvez seja ela.

Daniel André