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Vou mostrando como sou, e vou sendo como posso. Insta: @danielrprj

27 de março de 2014

Sobre o divã


O mundo precisa descansar.
Fechar os olhos,
vasculhar sua própria escuridão,
onde se esconde o caos
do inconsciente —
agitado, desordenado,
sedento por silêncio.

Atrás da cor do medo,
há anjos e demônios em guerra,
devorando as mágoas secas
de corpos já esquecidos.
Duas estrelas choram no céu,
testemunhas silenciosas,
suspirando por mudança.

Há uma criança,
jogada na terra fria,
batendo de porta em porta
com os sonhos entre as mãos.
Procura abrigo no afeto que não teve,
e se encolhe, espiando janelas
onde famílias vivem
o afago que ela não conheceu.

E então —
explode uma nova galáxia.
Junto dela, fragmentos de indiferença:
pedaços da infância esquecida,
do desejo de um lar
feito de pétalas e humildade.

A criança cresce,
sobe os degraus invisíveis
de sua evolução silenciosa.
Resiste ao concreto das estruturas,
ao quadrado das convenções,
às vozes que zombam do seu ser.

O núcleo dessa alma gira,
entre contradições e rejeições,
entre o peso da solidão
e a fuga constante do passado.
Quanto mais tenta escapar,
mais sente o laço invisível
do que foi deixado para trás.

E é nesse instante —
quando a dor toca o limite,
quando a alma sussurra basta —
que a morte desperta...
e se afoga na luz da esperança.

E você,
com um lenço na mão,
deitada no divã,
reaprende a viver.

 

Daniel André.

22 de março de 2014

O amigo e poeta Daniel Simões.



“Não tenho poesia
E sim a alegria
Da alegria,
De um amigo meu
Que tal alegria
Em mim se perdeu !”
(Dan André)

É que hoje venho compartilhar com vocês, o lançamento do livro de um grande amigo e chara: Daniel Simões.


Daniel Simões é um homem de grande talento e sensibilidade. “Poesias para Toda Forma de Amor”, é uma coletânea de versos onde o amor, é tema principal. Nas 167 páginas, o leitor irá apreciar com olhos da alma, esse sentimento tão nobre e verdadeiro em seus diversos aspectos. Para quem ama, para quem já amou, para quem sonha com um amor, indico essa agradável leitura. 

 E indico também que conheçam o seu espaço na blogosfera:


http://danlirando.blogspot.com.br/



“Cada novo amigo que ganhamos no decorrer da vida aperfeiçoa-nos e enriquece-nos, não tanto pelo que nos dá, mas pelo que nos revela de nós mesmos”. Essa frase tão bacana me lembra o inicio do meu blogue. Escrevia alguma coisa, lançava e não tinha seguidores. O Dan(chamo ele assim) foi o primeiro seguidor, e sempre me deu muito incentivo. Dizia assim: “Que interessante, além de gago, ele sabe escrever, um caso raro na natureza (risos)!” Em breve estaremos na praça XV vendendo alguns exemplares (risos). O meu carinho e admiração por esse ariano, careca e chará, fizeram-me descontrair um pouco. 



Praça XV - Centro do Rio de Janeiro/RJ


Aproveito o espaço para deixar meu abraço, carinho e amizade por todas as pessoas que estão sempre comigo aqui no gago poético.
  
Daniel André.

20 de março de 2014

Senhora de Todo Dia

Antes que o galo ouse cantar,
a senhora desperta, sem avisar.
Sem relógio, sem demora,
com um sorriso, já faz a aurora.

Na penteadeira de outros carnavais,
espelho antigo, segredos demais.
Penteia os fios com calma e graça,
e prende a preguiça numa velha trança.

Com pó de arroz no rosto sereno,
se perfuma com leite ameno,
de rosas — sua flor predileta —
deixa no ar a alma completa.

No fogão de lenha, café esquenta,
o dia começa, a vida esquenta.
Sandálias nos pés, xale no ombro,
e o tempo caminha no passo do assombro.

Com mãos que o tempo abençoa,
debulha o milho na palha boa.
Joga no terreiro, com leveza e arte,
e vê as galinhas ciscarem a parte.

Ao lado, o gato — guardião da rotina —
miando preces pela esquina.
E lá vai ela, alma limpinha,
com terço nas mãos, rumo à igrejinha.

Reza baixinho a salve-rainha,
com olhos de fé, voz que se alinha.
E ao fim do dia, entre véus e véstias,
a senhora repousa — rainha das festas.

Daniel André