Tenho pedaços de mim espalhados,
em rostos que nunca reconheci.
Olhares mistos — coragem e medo —
guardam versões que já perdi.
Minhas pernas, exaustas do caminho,
vagam por veredas sem direção.
Pés descalços tocam o alecrim,
em busca de chão... ou redenção.
Meus braços, firmes do antigo labor,
ergueram sonhos ao céu sem véu.
Minha vida? Um quebra-cabeça
maquiado à pressa por um pincel.
Trago no peito um coração antigo,
com raízes fincadas em poesia.
E estas mãos, aflitas de saudade,
tentam juntar o que a vida partia.
Daniel
André