Bem-vindo
à cozinha da criação,
onde versos ganham forma e intenção.
Hoje servimos poesia artesanal,
com toque de alma e final celestial.
Pré-aqueça o peito, sem pressa, sem medo,
pique memórias, dissolva o segredo.
Use palavras frescas, da estação,
e tempere com rimas, mas sem ostentação.
No mise en place da
emoção sincera,
misture um afeto com brisa de primavera.
Se o poema azedar, ajuste a medida
uma metáfora errada azeda a vida.
Sal? Só um punhado de realidade.
Pimenta? Sim, na justa suavidade.
Equilibre o doce com pitadas de dor,
pois até a saudade tem seu sabor.
Cozinhe no fogo brando da reflexão,
deixe ferver no caldo da intenção.
Sirva quente, num prato de alma nua,
com colher de pau e um fio de lua.
Acompanhe com vinho e silêncio bom,
decore o prato com migalhas de João.
E lembre-se: poesia bem feita
não se engole — é lida na espreita.
Prato de chef com mãos de avó:
banquete da vida, simples, sem nó.
por
Chef Daniel André
