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Vou mostrando como sou, e vou sendo como posso. Insta: @danielrprj

20 de março de 2021

Poesia à La Carte


Bem-vindo à cozinha da inspiração,
onde versos são cortes de precisão.
Hoje servimos poesia artesanal,
com toque caseiro e final celestial.

Pré-aqueça o coração sem pressa,
pique as memórias, retire a pressa.
Use palavras frescas, da estação,
e tempere com rimas, sem ostentação.

No mise en place da emoção sincera,
misture um afeto com primavera.
Se o poema azedou, revise a medida 
a metáfora errada pode azedar a vida.

Sal? Só um punhado de realidade,
pimenta? Sim, se for com suavidade.
Equilibre o doce com pitadas de dor,
pois até a saudade tem seu sabor.

Cozinhe no fogo lento da reflexão,
deixe ferver no caldo da intenção.
Sirva quente, num prato de alma nua,
com colher de pau e um fio de lua.

Acompanhe com um vinho de silêncio bom
e decore com migalhas de João.

Ah, e lembre-se: poesia bem feita
não se engole — se saboreia na espreita.
É prato de chef, mas feito com mão de avó:
um banquete de vida, simples e sem nó.

- por Chef Daniel André

12 de março de 2021

Costura de Ouro

Costuro com fios de ouro
as vísceras abertas da paixão.
Lá fora, a chuva canta na janela
e acalma os tremores exaltados
da falta…
da desconexão.

Meus ancestrais sussurram em silêncio:
meu ego não luta por vitória.
Ele aprendeu —
que paz não se conquista à força,
ela se ausenta…
cria asas…
e volta, quando é hora.

Com as mãos suspensas ao tempo,
entrego o jogo.
Aceito o mistério.
O elixir para toda dor
não está nas respostas,
mas nas gotas sagradas
que o tempo deixa cair
sobre a pele do coração.

Porque em cada instante
— mesmo nos vazios —
o autoamor floresce
feito planta que insiste
em crescer na fresta da alma.

Daniel André.