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Vou mostrando como sou, e vou sendo como posso. Insta: @danielrprj

17 de abril de 2019

Peixe que Voa


Voa, o peixinho dourado —
inconformado com o vidro imposto.
Não aceita o mundo enquadrado,
expande o espírito, mente e rosto.

Respira o oxigênio do silêncio,
mergulha fundo na sabedoria.
Sabe: em águas turvas, densas,
é onde a mudança principia.

Desvia anzóis, promessas vãs,
a falsa terra — vendida em fatia.
Ergue a cabeça, abraça o céu,
nada o mar, voa a fantasia.

Suas barbatanas bailam no vento,
na curva de um arco-íris sem fim.
Exilado do aquário — contentamento.
Enfim, ganha o mundo. E a si, enfim.

Mas seus irmãos, cegos, imóveis,
presas de uma rede disfarçada,
aceitam as migalhas rotineiras
e chamam prisão de jornada.


Daniel André.

2 de abril de 2019

Romântico em Alto-Mar


Navego em ventos de flores abertas,
embriagado em cânticos de poesia.
Se a dor me alcança ou a alegria desperta,
sou romântico... por essência, por teimosia.

Não me importam os mares já passados —
se foram calmarias ou revoltos temporais.
A vida, em seu mistério entrelaçado,
só encontra sentido nos gestos reais.

A vastidão dos oceanos me chama,
com horizontes que fogem do olhar.
E eu, sonhador em alma e em trama,
me deixo levar... sigo a velejar.

Mesmo que o leme escape à razão,
ou que o tritão negue seu canto antigo,
o que busco é simples: abrigo,
no porto calmo de um seguro coração.


Daniel André.