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Vou mostrando como sou, e vou sendo como posso, jogando meu corpo no mundo ...

1 de julho de 2024

Férias escolares


Na escola vazia
sem risos nem vozes
o silêncio no ar,
salas vazias, sem alunos,
sem escolhas,
nas férias escolares
tudo a descansar.

o quadro negro sem giz,

sem traços de ensino,

as carteiras vazias, sem lápis a riscar,

a cantina deserta, a biblioteca com os livros

e sem os alunos para estudar.


A alma da escola adormece

a energia dos alunos e que a brilhar

sem a alegria das descobertas infindas

nas férias escolares, tudo parece parar.


Daniel André

23 de junho de 2024

Dois caras negros

 


Ainda é madrugada, e
dois robustos de ébano
caminham ao sabor do vento
pés que sambam no asfalto
o ritual das sombras
e da lua cheia ardente.
 
Um, com a pele de noite estrelada
incorporado por um sagitário
que carrega o universo na flecha
o outro, feito de terra e de mar
tem o horizonte tatuado na alma
 
são viajantes do tempo
suspenso,
onde o real se mistura ao sonho
e o sonho
de concreto
e fugidias lembranças.
 
seus olhos, mapa de uma África perdida
de histórias de uma diáspora infinita
- herdeiros de deuses e de rainhas.
 
e de madrugada, dois caras negros
se recusam ser a poesia escrita
- andando na rua -
a silenciosa revolução da ousadia.
 
(A fumaça sobe ...)
 
Daniel André

6 de junho de 2024

Persona non grata

 


Tempos de dor e desespero
um genocídio clama por justiça
a vida é um tesouro verdadeiro
e a paz, a nossa única cobiça
 
terra sofrida, uma nação sem estado
cessar fogo na intolerância cruel
a chama da vida é a esperança
em mísseis de ódio que cortam o céu.
 
famílias despedaçadas
em um caótico mar de lágrimas
e aquele que se opor
será uma “persona non grata”

Daniel André

10 de fevereiro de 2024

Açougue dos desejos

paradoxo, a carência desenfreada
e a necessidade em ser visto com atenção
assassinam os nobres sentimentos
para que a carne esteja em exposição.
 
genitália em promoção, 
corpo exposto, 
na fria câmara do prazer, sem enfoque
os sentimentos abatidos em vida,
satisfaz o imediato desejo do toque
 
cortes precisos, desejos dilacerados,
embalados em telas profundas de solidão
o coração em silêncio e cansado,
com fotos mendigando orgasmo e atenção.
 
sem saber, meu corpo também é mercadoria
faz parte do balcão online, de paixões vazias,
dos instintos fisiológicos, desejos efêmeros
sem completude e lançado aos ventos.

Daniel André.