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Vou mostrando como sou, e vou sendo como posso. Insta: @danielrprj

14 de fevereiro de 2018

Cinzas de carnaval

Ao rufo quente dos tambores,
o carnaval se vestia em luz,
mil máscaras — mil amores —
e o suor em purpurina se traduz.

Fantasias dançavam na avenida,
serpentinas costurando os desejos,
olhares cruzavam em despedida,
em delírios, em beijos — em lampejos.

O prazer, em goles e gargalhadas,
brindava corpos que não se sabiam.
Mas no ápice das madrugadas,
as promessas, já frias, se diluíam.

Agora, a quarta é só cinza e poeira,
na caixa velha, repousa a folia:
confetes dormindo em madeira,
lembranças de uma breve alegria.

Daniel André 

4 de fevereiro de 2018

Na barba de todo homem

Na barba de todo homem
há um rugido primitivo,
um ancestral mal domado
em caverna imaginária,
recluso, instintivo.

Ela cresce como o tempo —
sem pressa, sem permissão —
é mapa de guerra no rosto,
cicatriz que não se desfaz,
grito surdo da intuição.

Entre os pelos, mora o silêncio
de quem carrega a tempestade,
não por fraqueza ou covardia,
mas por honra — ou lealdade.

Na barba, um Neandertal escondido,
um desejo bruto, indomado:
de ser único, selvagem e feroz...
mas ainda assim, apaixonado.

Daniel André