Ao rufo quente dos tambores,
o carnaval se vestia em luz,
mil máscaras — mil amores —
e o suor em purpurina se traduz.
Fantasias dançavam na avenida,
serpentinas costurando os desejos,
olhares cruzavam em despedida,
em delírios, em beijos — em lampejos.
O prazer, em goles e gargalhadas,
brindava corpos que não se sabiam.
Mas no ápice das madrugadas,
as promessas, já frias, se diluíam.
Agora, a quarta é só cinza e poeira,
na caixa velha, repousa a folia:
confetes dormindo em madeira,
lembranças de uma breve alegria.