Bem-vindos ao grande baile da ilusão,
onde verdades nuas vestem disfarces.
Ajuste a pence à forma da ocasião —
e desfile sua máscara entre os enlaces.
Para cada evento, um croqui distinto:
modelos sociais de conduta e papel.
A personalidade vira um instinto
costurado no avesso do cordel.
Caráter, medido à régua da etiqueta,
costuma ter preço, não valor.
Mas não vestirei uma peça eleita
por moda que nega meu interior.
Tesouras moldam silhuetas perfeitas,
agulhas impõem o ponto da norma.
Na passarela das vidas suspeitas,
o tecido esconde a real forma.
Mas eu —
com zíper firme, encerro o desfile,
apago as luzes da vitrine ilusória.
Meu traje vem da agulha sensível
no dedal da velha costureira da história.