Quem sou eu

Minha foto
Vou mostrando como sou, e vou sendo como posso. Insta: @danielrprj

28 de novembro de 2015

Zangões em Flor



Dois bravos, sem colmeia,
sem ferrão, sem direção,
expulsos do ninho,
unem asas e vivem
presas no voo da paixão.

Diante da flor mais bela,
criam seu próprio jardim.
Extasiados — jamais zangados —
porque o amor,
quando é puro,
nunca foi ruim.

Nas brisas das montanhas,
no perfume que dança nas flores,
fazem seu voo nupcial:
dois zangões livres,
polinizando amores.


Daniel André





Milton Nascimento - Paula e Bebeto (Qualquer maneira de amor vale a pena). Abraços meus amigos, fiquem na paz.

24 de novembro de 2015

A Igrejinha


Grejinha toda linda,
envolta no verde silvestre,
bordada pelo canto do uirapuru
e guardiã dos desenhos rupestres.

Por séculos, no pulmão da mata,
respira o tempo em paz sagrada.
Carrega no ar o perfume da história,
e a fé de um povo que nunca se apaga.

Ali, a igrejinha alimenta esperanças,
com batismos à beira do rio,
e romarias que florescem danças
em nomes de santos...
e de amores tardios.

O sino, quando toca, não chama só fiéis —
chama o vento, chama a folha, chama a reza.
É um templo pequeno, mas é céu por dentro,
morada do sagrado
em toda sua leveza.


Daniel André





E para acompanhar o cenário poético de "Igrejinha", Jesus, alegria dos homens de J.S.Bach. 

4 de novembro de 2015

Além do Corpo


Não é o teu corpo
— onde minha língua bífida desliza —
orvalho salgado na pele em brasa,
mãos famintas de libido,
urros cravados no lençol do instante,
que fazem de mim o teu prisioneiro.

Não.

O que me prende a ti
está além do suor,
além da amizade,
além da intimidade dos dias,
dos anos,
da vida.

É algo sem forma,
sem nome,
sem medida.

É invisível…
mas, meu Deus,
como é bom.


Daniel André