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Vou mostrando como sou, e vou sendo como posso. Insta: @danielrprj

31 de janeiro de 2012

O Amor é a Maior Lei


O mundo gira entre tribos,
quadrado em suas tiranias.
No centro, dorme a justiça
na inércia dos dias.

Intolerâncias absurdas,
preconceitos à flor da pele,
racismos que sangram calados,
e deuses...
que não se olham,
mas gritam por fiéis.

Deus é único.
Deus é amor.
Aprendam, filhos de Gaia:
pra guerra em nome da fé,
só cabe um coral de vaias.

Melanina não mede caráter.
Gênero não cabe em caixinhas.
Somos humanos —
complexos, infinitos,
codificados em espirais
de pele, alma e caminho.

A lei maior é o amor,
não há livro que o negue.
Bondade é prática,
tolerância é escolha,
abraçar a diferença —
isso é ser forte,
não frágil de mente.

Que o mundo, um dia, aprenda
a amar…
como quem entende o sagrado
em cada ser vivente.

Daniel André

26 de janeiro de 2012

Breve história de um coração doente

Sim, de pernas cruzadas,
como os caminhos que escolhi,
uma lágrima se aventura
enquanto um cálice sorvi.
À tona, gotas de sangue
de um coração por pouco ali.

Esse peito já foi juvenil,
passeando de colo em colo,
acendendo-se em paixões
como fósforo jogado ao solo.
De cada amor tirava lição,
mas nenhuma curava o estalo.

Foi romântico, foi presente,
dedicava-se sem medida —
mesmo após os vandalismos,
ainda acreditava na vida.
Colocava uma pedra no muro
e abria janelas à partida.

Esperava um novo amor,
como quem olha o cais vazio,
sonhando com uma caravela
trazendo um beijo macio.
Mas a maré vinha lenta,
e o tempo — sempre tardio.

Hoje caminha calejado,
entre os escombros da emoção,
confuso nos sentimentos,
mas firme na direção.
Agarra-se à poesia,
e ao livramento em oração.

Eis, então, sua história breve —
de um coração resistente,
que apanha, mas não se encerra:
segue indulgente, segue ardente.
Mesmo doente, bate forte.
E ainda espera, pacientemente.

Daniel André 

(um copo meio cheio de drama)

Veneno Doce


Nas grades psíquicas
do teu semblante fechado,
vi uma beleza oculta —
suave, veludo calado.

Fui sonho que se perdeu,
engolido por tua atração.
Pensei pisar terra firme...
mas talvez fosse ilusão.

Em tuas mãos tão pequenas,
há magia que me acolhe.
Chamam de veneno puro —
e eu peço mais um gole.

Se amar assim é doença,
dela eu não quero cura.
Só você me lê por dentro,
na noite e na ternura.

Teu silêncio me cativa,
teu olhar, minha prisão.
Sou refém da tua sombra,
com prazer na perdição.

E se isso for meu fim,
que seja doce e sem defesa —
morrer em ti, aos poucos,
é viver em plena beleza.

Daniel André

12 de janeiro de 2012

Excesso de Amor (e Açúcar)

Só tenho uma exigência:
quero um amor exagerado,
romântico ao ponto do ridículo,
do tipo que faria um cupcake corar.

Sofro de hipoglicemia crônica —
preciso de melosidades verbais,
beijos que vêm com legenda,
abraços que duram mais que filmes ruins.

Quero mimos em porções industriais,
pingados de ganache quente,
e a atenção nos detalhes —
como nos bonequinhos de glacê:
eu e você,
meu doce enfeite de viver.

Sirva-me palavras como sobremesas,
de preferência com açúcar de confeiteiro
e declarações sussurradas
como quem lê rótulo de bombom.

Porque se for pra amar,
que seja doce, cafona, exagerado —
do tipo que dá cárie só de lembrar.

Daniel André (em parceria com uma confeitaria emocional)

3 de janeiro de 2012

Muralhas e Sussurros

Uma silenciosa muralha
me protegia das intenções
daqueles amores tóxicos,
que gangrenavam corações.

Mas no garbo das tuas palavras,
o concreto enfim cedeu.
E um ruído doce chegou:
“Eu te amo, meu bem, sou teu.”

Foi mais que construção verbal,
foi verbo em forma de flor.
Entre fotos e promessas vãs,
te guardei dentro — com fervor.

Em silêncio nos amamos,
desprezando o mundo em alarde.
Dormimos nas nuvens ternas,
e acordamos… sábado à tarde.

Sem pressa, sem grandiosidade,
só nós — no tempo do amor calado.
Tua voz, meu abrigo sereno.
Teu abraço, meu lar encantado.

Daniel André (com reforço poético e café morno na cama)