Se o amor de um repousa no poente,
no outro nasce febre incandescente.
O que dormia em silêncio contido,
desperta em fogo, pulsante, ferido.
Se um dia escorrer no teu peito,
te deixará frágil, sem leito perfeito.
Pedirá tudo, até o que não tens,
pois o ciúme é guardião de reféns.
No ciúme, confia-se desconfiando,
declara-se amor, já se desculpando.
Perdoa-se mais por medo que razão,
e sofre-se em presta atenção.
Mas há uma forma branda, serena,
onde o ciúme é só brisa pequena:
um toque sutil, que não envenena,
mas tempera o amor, sem fazer cena.
