É necessário sair de cena.
Apagar, com calma,
as luzes da ribalta.
Se sentirem minha falta,
procurem-me
na dor pulsante da saudade.
É necessário virar átomo.
Sumir.
Ser invisível aos olhos rasos.
Esconder-se nas entrelinhas,
nas pausas,
no silêncio que ninguém lê.
É necessário morrer.
Ao menos um pouco.
Sentir-se coberto por cravos,
abraçado por ausência,
até que o corpo aprenda
a linguagem do nada.
E quando, enfim, renascer —
que meu desalento tenha evaporado,
como o orvalho de um adeus
esquecido ao sol da manhã.
Daniel
André