No açoite da aurora, nasce a lembrança.
Não é só sol – é cicatriz que balança.
Do vento que dança à terra que geme,
a história é preta, marcada, e não treme.
Não é silêncio – é voz que não morre.
A pele preta resiste, mesmo quando escorre.
Cada traço é grito, é luta, é fronte.
Não é favor: é direito na ponta da fonte.
Vieram correntes, tentaram calar.
Vieram navios, tentaram apagar.
Mas ergueram quilombos, bateram tambor,
e o mundo ouviu: aqui ainda há cor.
Ser negro é mais que existir – é enfrentar.
É bater o pé, é ocupar, é não se calar.
Somos raiz, somos pulso, somos chão.
Não peça licença pra revolução.