Extravagante?
Ou apenas elegante —
de calça jeans surrada
da vida, dos outros, de mim?
Com uma blusa caída no ombro,
carrego o peso de tantos “sim”.
E no ninho das minhas quimeras,
brilha um chapéu de veludo cinza.
Desço o morro,
paro num bar,
cumprimento os de sempre
e começamos a prosear.
Do chapéu, como mágica antiga,
saltam lembranças graciosas:
páginas sorridentes do colégio,
bilhetes dobrados, vozes amorosas.
No banco da praça,
assopro histórias no vento.
Cachorros abanam o tempo,
e meu sorriso os convida ao momento.
Caminho entre as cortinas do passado
com passos mansos, quase verso.
Abraço o mundo com palavras,
e com meu chapéu —
meu adorno mais sincero.