Quem sou eu

Minha foto
Vou mostrando como sou, e vou sendo como posso. Insta: @danielrprj

9 de novembro de 2013

Ano de Saturno





Li que este seria o ano de Saturno —
cheio de contradições,
um campo de testes
para os sentimentais
que vivem se protegendo demais.

Mas não adianta correr dos anéis.
Voar num cavalo alado?
Fuga bonita,
mas ilusória.

Talvez o único caminho
seja encarar a própria vida
de frente,
sem se esconder nas laterais.

Períodos duros vêm pra limpar excessos.
Descarto o conformismo,
rejeito a covardia disfarçada de conforto
e me mantenho desperto —
mesmo quando tudo quer que eu durma.

No embalo da lição deste planeta lento,
torno-me outro:
mais firme, mais sóbrio, mais real.
E o antigo eu,
aquele que esperava sorte
sem fazer esforço,
guardo numa gaveta
junto com os mapas
que não levavam a lugar nenhum.

Daniel André


4 de novembro de 2013

Uivo de Sombras



A noite sangra em meu vasto território,
tingindo o ar com o breu do mistério,
na floresta de silêncios e memórias,
meus olhos brilham — farol etéreo.

Corro com a irmã lua no firmamento,
em liberdade que as corujas partilham,
dispenso a alcateia e seu fingido alento —
prefiro as cicatrizes que me brilham.

Sou canis lúpus, lenda sem fronteira,
o alfa da dor, o rei da resistência,
farejo o perfume da presa inteira
e cravo os dentes na doce inocência.

Minhas garras gravam versos na pedra,
meus pelos ao vento pressentem ciladas;
mais traiçoeiro que a armadilha humana
é o amor — com suas garras delicadas.

Uivo alto, feroz, sobre o vale em torpor,
desfaço o silêncio, marco o terreno,
e chamo por ti, desejo em ardor —
que sinta meu canto, selvagem e pleno.

Daniel André.




Meu Ralouin é Brasileiro


O meu Halloween é ralouin,
com cachaça e samba no terreiro.
As bruxas daqui são benzedeiras —
não têm nada a ver com o estrangeiro.

Nosso folclore é ouro vivo,
feito de lendas e tradições.
A mula sem cabeça ilumina as festas,
Saci Pererê pula nas canções.

No meu ralouin não tem cupcake,
nem doces gringos sem sabor.
Tem rapadura, milho e pamonha,
e música que embriaga de amor.

Pra quê copiar o que vem de fora?
Tem festa boa no nosso quintal.
Tem dança, tem reza, tem bicho encantado,
tem cultura pra um carnaval.

Americanizar pra quê, meu povo,
se o que é nosso brilha de verdade?
É tempo de exportar com orgulho
essa nossa identidade.


Daniel André