Na terra dos selvagens modernos,
onde o poder veste terno
e o lucro fala mais alto que a alma,
um coração justo
parece andar sempre na contramão.
A maldade, com pressa,
passa por cima dos inocentes
como se gentileza fosse fraqueza
e ética, um luxo descartável.
Mas quem cultiva laços sinceros
sempre verá um sol nascer —
mesmo nos dias nublados.
Eu escolho semear o amor,
ainda que o solo pareça árido.
Confio na colheita invisível,
na justiça que vem sem aviso —
porque o universo não esquece
o que é lançado ao vento.
Quem planta veneno,
pode não sentir o gosto hoje.
Mas cedo ou tarde,
a vida serve o prato.
— Daniel André