Dois jovens, leitores de Shakespeare,
apaixonados, correm entre os olhares,
rindo alto sob o sol das ruas,
onde o desejo é ser desejo nos altares.
Recitam mantras de amores eternos,
selam promessas entre goles e fumaça —
a loira gelada, o cigarro de menta,
um ritual moderno, onde o toque não cansa.
Senhores de seus pequenos reinos,
blindam-se das flechas do mundo cinzento,
naufragados num afeto sem margens,
ilhados no amor, sopro e alento.
São dois corpos, mas uma só alma,
no nirvana onde a paixão repousa serena.
Nem precisam mais de palavras —
se falam com o peito, num idioma que acalma.