O triste retrato daquela garota,
sorriso largo... de pura solidão.
Sentada, quieta, na borda do quadro —
bem próxima do meu coração.
Fiquei ali, diante da moldura,
olhos fisgados pela composição.
E um velho amor, esquecido em pó,
voltou, pincelado na recordação.
A imagem — em sépia, tão serena —
revelava o que um dia foi chama.
Agora, só cinza e verniz —
um fim selado sem drama.
Mas ali, um detalhe me fere a visão:
uma pincelada sutil, quase em vão.
Há dores que não cabem em tela,
merecem cadeado…
e um porão.
Daniel André