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Vou mostrando como sou, e vou sendo como posso. Insta: @danielrprj

26 de fevereiro de 2012

O super herói


"Somos feitos de carne, mas temos de viver como se fôssemos de ferro". (Sigmund Freud)


A alma precisa ser blindada
pra vestir-se de super-herói.
Ficar imune à ingratidão,
às palavras que cortam,
a tudo que ainda dói.

Vulgo redentor que voa alto,
mas carrega chagas escondidas.
Até os deuses, em algum momento,
precisam de uma boa cama
e de um pouco de saída.

Heróis são feitos de coragem,
carregam a bondade no peito.
Na capa, um bordado discreto:
“aqui habita um homem direito.”

Liberdade, pra ele,
é amar sem escudo,
voar sem arrogância,
defender o bem —
mesmo no silêncio mudo.

Segue leve, mesmo pesado,
entre vilões, injustiças, espinhos.
E o mundo o chama de "bom moço",
sem saber que por dentro...
há um coração
lutando sozinho.



Daniel André.

O Rei que Nunca Fui

Um déjà-vu de nostalgia
trouxe lembranças inéditas,
de um trono que nunca ocupei,
de promessas infantis e míticas.

Tive uma coroa de ouro,
súditos prontos a bajular,
e no silêncio da minha entrada,
bobos da corte a me exaltar.

Flechas vinham certeiras,
raios de intuição em mim.
Lembro o perfume de sândalo,
o manto em carmim, sem fim.

Naquela corte ilusória
era amado, venerado —
um rei de memórias antigas,
por um destino encantado.

Mas desperto com os pombos,
sem trono, sem nobre legado —
num banco de praça qualquer,
sem reino, sem passado.

O eco do que não fui
ainda me chama, devagar...
Sou rei nas minhas lembranças,
no presente, só a reinar no ar.

Daniel André (versão trono de papelão e alma de majestade)

24 de fevereiro de 2012

Serpente em Pele de Gente

Tua presença enjoa o ar,
desliza feito serpente fria.
O veneno que cuspido sai
envenena até quem só queria paz no dia.

Ergue castelos de maldade,
regozija-se com a queda do irmão.
Duvida da luz, da bondade,
transborda fel em cada intenção.

Atrás do caos, tu rasteja,
perturbada pela felicidade alheia.
Se nutre da malícia crua,
cravando a língua como uma ceia.

Tuas palavras são de chumbo,
nada têm da tal verdade.
Poderíamos viver em harmonia,
mas tua essência é só brutalidade.

O que resta? Um suspiro de pena,
um desejo sincero: que encontres paz.
Pois a vida, silenciosamente,
te abandona — e nem olha pra trás.

Só Deus, na sua paciência infinita,
pode tocar teu coração de ferro.
Porque aqui, entre nós mortais,
já não há prece que eu não encerro.

Daniel André (versão tapa de luva lírica com luva de espinhos)