Um déjà-vu de nostalgia
trouxe lembranças inéditas,
de um trono que nunca ocupei,
de promessas infantis e míticas.
Tive uma coroa de ouro,
súditos prontos a bajular,
e no silêncio da minha entrada,
bobos da corte a me exaltar.
Flechas vinham certeiras,
raios de intuição em mim.
Lembro o perfume de sândalo,
o manto em carmim, sem fim.
Naquela corte ilusória
era amado, venerado —
um rei de memórias antigas,
por um destino encantado.
Mas desperto com os pombos,
sem trono, sem nobre legado —
num banco de praça qualquer,
sem reino, sem passado.
O eco do que não fui
ainda me chama, devagar...
Sou rei nas minhas lembranças,
no presente, só a reinar no ar.
— Daniel André (versão trono de papelão e alma de majestade)
Simplesmente perfeito!
ResponderExcluir