Um vírus silenciou os afetos,
coroado por um mundo em rendição.
A distância, antes incômoda,
tornou-se abrigo e condição.
não distingue cor, idade ou fronteira.
quando o ar se torna inabitável.
a classe social vira poeira,
O isolamento é o antídoto possível,
o gesto mínimo pela vida essencial.
E na janela — ruas mudas, cor cinza —
minha alma espera por um sinal.
O corpo, agora campo de batalha,
convoca glóbulos, hemácias, vigilantes.
Mas bom senso e empatia — tão urgentes —
não se vendem em farmácias, nem nas estantes.
Fui posto em quarentena,
mas é a humanidade quem precisa acordar
que os dias de solitude tragam, enfim,
os olhos certos para recomeçar.
E quando o vírus for história passada,
e o planeta exalar resiliência...
abraçarei com a ternura mais sagrada:
a vida, a saúde, e a ciência.