Mais um leão tombou!
Entro em casa,
desfaço o nó da gravata,
a rotina escorre no suor.
Minha mente
Já está na geladeira.
Cerveja aberta, cueca no sofá,
respiro o caos
com gosto de vitória.
Príapo sorri.
E você surge,
desabrochando o desejo
que repousa nos pelos escuros
da minha barba.
Eu aviso:
estou nu
mas é a alma que despe primeiro.
Você, em silêncio,
se curva em devoção lasciva,
o corpo em alerta
às chamas que acendemos.
Brinco nos contornos da tua pele,
faço da tua anatomia
meu jardim insano,
parque de diversão do prazer.
Não há dogmas,
nem véus sagrados.
Aqui, o amor se dignifica
na fúria da carne.
Somos o banquete,
o rito e a oferenda.
Teus olhos me devoram lentos,
sacerdotisa e fera em um só gesto.
E eu, rendido, confesso o pecado
com a boca no altar do teu corpo.
Cada suspiro é uma oração,
cada toque, um evangelho profano.
Depois, o silêncio.
O corpo adormece exausto,
mas a alma, ainda acesa,
dança na penumbra do quarto.
E no suor que seca no lençol,
descanso
devoto da tua vertigem.
Daniel André