Quem sou eu

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Vou mostrando como sou, e vou sendo como posso. Insta: @danielrprj

28 de maio de 2012

Rosa da Paixão

É o símbolo da paixão
que desponta no alvorecer,
pela janela do quarto invade
um perfume a florescer.

Santa rosa de mil pétalas,
vermelho vivo, aveludado,
exala um doce encanto
que embriaga o meu fado.

Derramo meu orvalho em ti,
ó flor de rara exatidão —
na sala, um ramalhete vivo
do mais sincero coração.

Tua beleza, obra divina,
pinta o mundo de ternura:
és o amor na forma pura,
és da arte a criatura.

Daniel André

25 de maio de 2012

Banquete Selvagem


Mais um leão tombou!
Entro em casa —
desfaço o nó da gravata,
a rotina escorre no suor.
Minha mente?
Já está na geladeira.
Cerveja aberta, cueca no sofá,
respiro o caos...
com gosto de vitória.

Príapo sorri.
E você surge —
desabrochando o desejo
que repousa nos pelos escuros
da minha barba.
Eu aviso:
estou nu.
Mas é a alma que despe primeiro.

Você, em silêncio,
se curva em devoção lasciva,
o corpo em alerta
às chamas que acendemos.
Brinco nos contornos da tua pele,
faço da tua anatomia
meu jardim insano —
parque de diversão do prazer.

Nada de dogmas,
nem véus sagrados.
Aqui, o amor se dignifica
na fúria da carne.
Somos o banquete,
o rito e a oferenda.
Eu, teu libertino secreto,
você —
minha prece escondida no peito.

Daniel André

24 de maio de 2012

O Zigoto e o Coliseu

Na urgência copulativa de dois gametas,
colidem genes — ásperos, espartanos.
Eis que nasce um zigoto emocional,
perdido na vastidão de um ser humano.

Não se culpem os genitores:
não há manual para o dissonante.
Deu-se um corpo em carne e ossos,
mas a mente... habitava outros instantes.

Na aurora pubescente da consciência,
surgiu o abismo entre pai e filho,
uma mãe, devota e desordenada,
e a vida... seguia um trilho sem trilho.

[Anos depois]...

Torna-se um grande pequeno homem,
um fantoche visto por lunetas alheias.
Silencioso no centro do coliseu,
vestido em cores de belas ideias.

As borboletas dançam — mas ele, parado,
sabe que beleza não o liberta.
Carrega um passado embutido no peito
como quem esconde uma porta aberta.

Daniel André (revisado com uma taça de vinho e existencialismo no olhar)