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20 de abril de 2025

As Pedras no Rio

 

Quando eu era menino,
juntava as pedras na beira do rio
como quem coleciona certezas pequenas.
Empilhava-as, cuidadoso,
em torres que desafiavam o instante,
sonhos molhados pelas águas do tempo.

O rio, cúmplice e paciente,
beijava meus pés com suas histórias antigas.
Eu não sabia, mas ele sabia:
aquele brincar era rito,
aquelas pedras, promessas.

Cada empilhamento um desejo —
que o mundo não desmoronasse,
que o tempo fosse lento,
que a correnteza não levasse tudo.

Mas o rio não para,
e os meninos crescem.
As pedras rolam, os sonhos mudam de forma,
e a margem vira lembrança.

Hoje, volto às águas
não mais pra empilhar pedras,
mas pra entender por que eu fazia isso.
E percebo — com uma paz molhada nos olhos —
que aquele menino construiu mais
do que torres de pedra.

Ele ergueu memória.
Ergueu poesia.
E plantou em mim a saudade,
essa pedra que o tempo nunca leva.

—  Daniel André

16 comentários:

  1. Olá, tudo bem?

    Que belo quadro tua poesia evoca!!
    Esses rituais que muitas vezes fazemos quando criança, não sabemos, mas faz parte da construção do nosso próprio ser. E de fato fica plantada em nós, vai junto da gente para além do tempo.

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  2. Oi Daniel,
    Que essa Páscoa perdure em sua vida por muito tempo.
    Obrigada pelo comentário
    Beijos
    Lua Singular

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  3. Olá amigo Dan
    Este poema é uma tocante e nostálgica reflexão sobre a infância, onde o simples ato de empilhar pedras à beira do rio se revela um profundo rito de esperança e a gênese de memórias que o tempo jamais apagará.
    Beijinhos

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  4. Gostei muito e quem nunca gostou de com pedras assim brincar? abraços, chica

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  5. Pedras no caminho?
    Guardo-as todas.
    Um dia vou construir um castelo.
    Abraço, boa semana

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  6. Por isso dizemos que as pedras têm alma quando entendemos os passos que demos. Belíssimo!
    Uma boa semana,
    Um beijo.

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  7. Olá, Daniel
    Muito obrigada pela sua visita ao meu blogue e pelo belo comentário.
    O seu poema é belíssimo. A infância planta em nós doces lembranças
    e um dia mais tarde recordamo-las com saudades.
    Um abraço
    Olinda

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  8. O correr manso do rio traz aquele passo que permite ainda hoje guardar memórias que envoltas nessa paisagem paradisíaca nos traz aquela paz que permitia fazer castelos com tão gratas recordações ! Tão belo ! Um beijo

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  9. Daniel, você é um poeta formado e juramentado!
    Que belo poema, perfeito em sua descrição sobre as pedras e a memória que cada uma delas evoca da nossa tenra infância. É lindo, parabéns pela inspiração e delicadeza dos versos. Adorei!!

    Também vim agradecer a calorosa visita que fez em meu cantinho no artigo do Filme lendas da Paixão. Encantou-me com suas palavras. Emocionou-me muito. Eu não lia algo tão caloroso assim há muito tempo e hoje a surpresa me surpreendeu! OBRIGADA!
    Aproveito para desejar uma semana de muita paz, de alegrias!!
    Abraços!

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  10. Primeiramente venho agradecer ao seu texto rasgando sedas para o meu post que fiz usando o Chat GPT, eu mesmo não me vejo com todos estes olhos que "ele" e vocês leitores veem o meu blog, mas reconheço o que faço é mais um no meio desse mundo real e virtual. Agora quero dizer que você escreve muito bem e as suas poesias são bem criativas e cheias de alma, meus parabéns. Abraços e quero dizer que comecei a te seguir no Instagram, pra quem sabe um dia possamos trocar alguns papos.

    Arthur Claro
    http://www.arthur-claro.blogspot.com

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  11. Olá, amigo Daniel!
    Com certeza construiu muito mais do que torres de pedras.
    Um poema cheio de recordações poéticas onde o amor a si e à sua origem vêm à tona em ebulição com uma poética ritmada no amor do peito.
    Tenha uma semana de Pascoa feliz e abençoada!
    Abraços festivos pascais

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  12. Belíssimo poema, qual viagem à sua infância!
    Beijinho e uma óptima semana , Dan.😘

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  13. Daniel, você continua sublime como poeta e um contador de historia. Obrigada pelo carinho no seu comentário no meu blog. Estou aos poucos retornando a escrever que surpresa fantástica...seu comentário. Espero ler um dia um livro seu pois você é um poeta fantástico.

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  14. Que poesia linda! Ela toca no coração de uma forma tão suave e profunda, como um olhar nostálgico sobre a infância e o tempo. A imagem do menino empilhando pedras à beira do rio é tão cheia de simbolismo. Cada pedra é mais do que um simples objeto; elas se tornam pequenos desejos e sonhos, promessas de algo que queremos que não se perca, que não desmorone. O modo como o rio, em sua paciência, beija os pés do menino, é uma cena de cumplicidade silenciosa entre o tempo e a inocência.

    É tocante ver essa transformação da brincadeira infantil em uma reflexão madura, onde o menino, agora crescido, entende que as pedras não eram apenas pedras — eram memórias e poesia. Como as correntes do rio que levam tudo, o tempo leva também nossas certezas, mas ele não pode levar o que construímos com o coração: a saudade, a memória, o amor pelos momentos simples e profundos da vida.

    O poder dessa imagem final, da saudade como uma pedra que o tempo não leva, é simplesmente arrebatador. Me sinto tocada por essa reflexão sobre o que guardamos, o que deixamos crescer dentro de nós. Que poema lindo, repleto de verdades simples e profundas.

    ABRAÇOS CARINHOSOS

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Agradeço a sua visita e comentário. Abraços, Dan.