Quando eu
era menino,
juntava as pedras na beira do rio
como quem coleciona certezas pequenas.
Empilhava-as, cuidadoso,
em torres que desafiavam o instante,
sonhos molhados pelas águas do tempo.
O rio,
cúmplice e paciente,
beijava meus pés com suas histórias antigas.
Eu não sabia, mas ele sabia:
aquele brincar era rito,
aquelas pedras, promessas.
Cada
empilhamento um desejo —
que o mundo não desmoronasse,
que o tempo fosse lento,
que a correnteza não levasse tudo.
Mas o rio
não para,
e os meninos crescem.
As pedras rolam, os sonhos mudam de forma,
e a margem vira lembrança.
Hoje,
volto às águas
não mais pra empilhar pedras,
mas pra entender por que eu fazia isso.
E percebo — com uma paz molhada nos olhos —
que aquele menino construiu mais
do que torres de pedra.
Ele
ergueu memória.
Ergueu poesia.
E plantou em mim a saudade,
essa pedra que o tempo nunca leva.
— Daniel André
Passo exclusivamente a fim de deixar expressos os meus votos:
ResponderExcluir.
“” De uma Feliz e Santa Páscoa, extensivos à sua família e amizades.““
.
Great blog
ResponderExcluirOlá, tudo bem?
ResponderExcluirQue belo quadro tua poesia evoca!!
Esses rituais que muitas vezes fazemos quando criança, não sabemos, mas faz parte da construção do nosso próprio ser. E de fato fica plantada em nós, vai junto da gente para além do tempo.
Oi Daniel,
ResponderExcluirQue essa Páscoa perdure em sua vida por muito tempo.
Obrigada pelo comentário
Beijos
Lua Singular
Olá amigo Dan
ResponderExcluirEste poema é uma tocante e nostálgica reflexão sobre a infância, onde o simples ato de empilhar pedras à beira do rio se revela um profundo rito de esperança e a gênese de memórias que o tempo jamais apagará.
Beijinhos
Gostei muito e quem nunca gostou de com pedras assim brincar? abraços, chica
ResponderExcluirPedras no caminho?
ResponderExcluirGuardo-as todas.
Um dia vou construir um castelo.
Abraço, boa semana
Por isso dizemos que as pedras têm alma quando entendemos os passos que demos. Belíssimo!
ResponderExcluirUma boa semana,
Um beijo.
Olá, Daniel
ResponderExcluirMuito obrigada pela sua visita ao meu blogue e pelo belo comentário.
O seu poema é belíssimo. A infância planta em nós doces lembranças
e um dia mais tarde recordamo-las com saudades.
Um abraço
Olinda
O correr manso do rio traz aquele passo que permite ainda hoje guardar memórias que envoltas nessa paisagem paradisíaca nos traz aquela paz que permitia fazer castelos com tão gratas recordações ! Tão belo ! Um beijo
ResponderExcluirDaniel, você é um poeta formado e juramentado!
ResponderExcluirQue belo poema, perfeito em sua descrição sobre as pedras e a memória que cada uma delas evoca da nossa tenra infância. É lindo, parabéns pela inspiração e delicadeza dos versos. Adorei!!
Também vim agradecer a calorosa visita que fez em meu cantinho no artigo do Filme lendas da Paixão. Encantou-me com suas palavras. Emocionou-me muito. Eu não lia algo tão caloroso assim há muito tempo e hoje a surpresa me surpreendeu! OBRIGADA!
Aproveito para desejar uma semana de muita paz, de alegrias!!
Abraços!
Primeiramente venho agradecer ao seu texto rasgando sedas para o meu post que fiz usando o Chat GPT, eu mesmo não me vejo com todos estes olhos que "ele" e vocês leitores veem o meu blog, mas reconheço o que faço é mais um no meio desse mundo real e virtual. Agora quero dizer que você escreve muito bem e as suas poesias são bem criativas e cheias de alma, meus parabéns. Abraços e quero dizer que comecei a te seguir no Instagram, pra quem sabe um dia possamos trocar alguns papos.
ResponderExcluirArthur Claro
http://www.arthur-claro.blogspot.com
Olá, amigo Daniel!
ResponderExcluirCom certeza construiu muito mais do que torres de pedras.
Um poema cheio de recordações poéticas onde o amor a si e à sua origem vêm à tona em ebulição com uma poética ritmada no amor do peito.
Tenha uma semana de Pascoa feliz e abençoada!
Abraços festivos pascais
Belíssimo poema, qual viagem à sua infância!
ResponderExcluirBeijinho e uma óptima semana , Dan.😘
Daniel, você continua sublime como poeta e um contador de historia. Obrigada pelo carinho no seu comentário no meu blog. Estou aos poucos retornando a escrever que surpresa fantástica...seu comentário. Espero ler um dia um livro seu pois você é um poeta fantástico.
ResponderExcluirQue poesia linda! Ela toca no coração de uma forma tão suave e profunda, como um olhar nostálgico sobre a infância e o tempo. A imagem do menino empilhando pedras à beira do rio é tão cheia de simbolismo. Cada pedra é mais do que um simples objeto; elas se tornam pequenos desejos e sonhos, promessas de algo que queremos que não se perca, que não desmorone. O modo como o rio, em sua paciência, beija os pés do menino, é uma cena de cumplicidade silenciosa entre o tempo e a inocência.
ResponderExcluirÉ tocante ver essa transformação da brincadeira infantil em uma reflexão madura, onde o menino, agora crescido, entende que as pedras não eram apenas pedras — eram memórias e poesia. Como as correntes do rio que levam tudo, o tempo leva também nossas certezas, mas ele não pode levar o que construímos com o coração: a saudade, a memória, o amor pelos momentos simples e profundos da vida.
O poder dessa imagem final, da saudade como uma pedra que o tempo não leva, é simplesmente arrebatador. Me sinto tocada por essa reflexão sobre o que guardamos, o que deixamos crescer dentro de nós. Que poema lindo, repleto de verdades simples e profundas.
ABRAÇOS CARINHOSOS