Eu estava em minha sala.
Noite de lua cheia, de sexta-feira
daquelas em que as calçadas viram passarelas
de caçadores e presas bem vestidas,
onde os sorrisos piscam como faróis
e os boleros, ah, esses boleros...
beijam os lábios da cidade,
mas só ela decide quem irá beijar.
Enquanto isso, eu
com meu copo meio cheio
ou talvez meio indiferente
dançava com as sombras da estante.
Meus discos, soldados do tempo,
ronronavam melodias como gatos de estimação tristes,
sabendo que lá fora o mundo era barulhento demais
para a minha solidão bem afinada.
A lua, minha vizinha de olhar antigo,
espionava pela janela com aquela cara de quem viu
todos os romances acabarem antes do segundo ato.
Fizemos um brinde silencioso:
ela com sua luz pálida, eu com meu uísque morno.
Não houve promessas, nem suspiros.
Só a compreensão de que,
na grande pista de dança do cosmos,
às vezes o melhor par
é a ausência com quem você já se acostumou a dançar.
— Daniel André

Boa tarde. Independentemente da sua publicação poética que classifico de sublime, passo a fim de deixar expressos os meus votos:
ResponderExcluir.
“” De uma Feliz e Santa Páscoa, extensivos à sua família e amizades.““
.
Mais uma maravilhosa e cheia de sentimento poesia! Adorei! abraços, chica
ResponderExcluirOlá, amigo Daniel!
ResponderExcluir" Lá fora o mundo era barulhento demais
para a minha solidão bem afinada."
Assim também vejo o mundo 'Lá fora...
Um poema interessante onde os sonhos são deixados de lado em prol do bem-estae interior.
Sem a certeza do final feliz, mas vale a luz pálida...
Afinal:
"O melhor par
é a ausência com quem você já se acostumou a dançar".
Tenha um troduo pascal abençoado!
Abraços fraternos de paz
Oi Daniel,
ResponderExcluirAdorei sua publicação.
Muito pertinente.
Abraços
Lua Singular
Olha, esse bolero foi muito bom. A lua é uma excelente partner.
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