Amar
não é receita,
é corpo em busca de abrigo,
às vezes espelho de carências,
às vezes abismo de diferenças.
Cada encontro é uma resposta
quem nem sabemos a pergunta.
Há quem precise de silêncio,
há quem clame por gestos ruidosos;
um oferece constância,
outro, vertigem.
E no meio da troca,
o tempo decide a duração do laço.
As necessidades nem sempre coincidem:
um pede ternura lenta,
outro, fogo imediato.
E ambos têm razão,
pois o coração não entende de regras,
apenas de pulsares distintos.
Quando se encaixam,
é milagre breve,
um intervalo de eternidade.
Não dura porque deve,
dura porque pode
e isso já é bastante.
Amar não se cobra,
nem se mede em esforço ou dívida.
Ele é gratuito,
se oferece nu,
ou se retira em silêncio,
quando perde sentido.
E ao fim da história,
sem vencedores nem culpados,
apenas dois seres
que se encontraram no tempo certo.
Nada faltou, nada sobrou:
tentamos.
—
Daniel André