Sonhei alto.
Esqueci que a gravidade é filha da realidade.
Amanheceu na cidade grande.
Não ouço galos cantando.
Ouço sirenes miando
o choro mecânico da selva cinza.
Às quatro da manhã
são as buzinas que gritam.
Quem grita dorme?
Quem dorme, perde.
Perde o ponto, o tempo, o troco.
O malandro não dorme até tarde.
Ele vigia o caos,
vende sorte em papel amassado.
É o bicheiro da esquina,
com olhos de quem viu mais fim do que começo.
Troquei o cheiro de terra molhada
pelo perfume ácido do metrô lotado.
Lá, o silêncio era ouro.
Aqui, barulho é moeda de troca.
Na cidade grande,
ninguém tem tempo de se perder.
Então nos perdemos todos juntos,
no mesmo horário de pico.
Fui buscar futuro.
Ganhei um aluguel atrasado.
E um vizinho que canta sertanejo às três da manhã.
Sobrevivo.
Porque viver,
aparentemente, custa mais caro que sonhar.
— Daniel André
Poema madrugador que muito gostei de ler. Deixo o meu aplauso e elogio
ResponderExcluir.
Feliz fim de semana
..
“” Se eu soubesse cantar ““
.
A vida na grande cidade é fogo...Cheia de luzes e barulhos a qualquer hora do dia ou noite ,sem contar os vizinhos barulhentos... Linda poesia! abraços, chica
ResponderExcluirQue baita representação da realidade, cara!
ResponderExcluirTransfigurou e nos devolveu a realidade nua e crua da cidade grande!
Daqui aplaudindo.
Um abraço,
José Carlos Sant Anna
Oi ,Daniel
ResponderExcluirA realidade da cidade gera um peso que nos fixa no chão
e lembra toda hora a dureza da vida ,aquela sensação de peso que
nos faz perder a leveza que precisamos para sobreviver. .A mim tira toda a inspiração por isso gosto de amenidades quando estou no aconchego da casa . Um abraço, Daniel e vamos sobrevivendo e sonhando alto , certo?
beijinhos
Olá, Andre.
ResponderExcluirMuito tocante seu poema. O caos é o preço que pagamos para termos acesso a melhores estruturas, comodidades e avanços que existem nas grandes cidades. Muitos poderiam fazer o caminho de volta para o sossego, para o mais silêncio, para mais calma, mas sabe, parece que o caos também vicia, a gente se adapta e tem coisas que a cidade grande pode oferecer.
Que texto profundo e real…
ResponderExcluirMe tocou demais essa mistura de sonhos e realidade dura da cidade grande.
A forma como ele mostra o contraste entre o silêncio e o barulho, a esperança e a luta diária, é como se eu pudesse sentir cada sensação na pele.
Me identifiquei demais com essa busca por futuro, mesmo que o preço às vezes pareça tão alto.
Sobreviver, no fim, é mesmo uma arte — e a gente vai aprendendo, passo a passo, com coragem no peito e sonho na alma.
É um lembrete delicado e forte de que, apesar dos pesares, a gente segue firme, sonhando e resistindo.
ABRAÇOS
Olá, amigo André!
ResponderExcluirPercebo um entrelaçar de sonho e realidade
A vida que corre com seus percalços e a ilusão de um mundo melhor em que a vida seja feita de utopia viável.
Sim....custa muito mais caro viver.
Vamos sonhar e poetar enquanto vivos estamos.
Tenha um agosto A Gosto de Deus!
Abraços fraternos de paz
Bom dia Dan
ResponderExcluirQue poema tão bem construído, e tão realista.
Acho que você descreveu muito bem o caos que se vive n cidade grande.
Bom domingo.
Deixo um obrigada e um beijo.
:)
A minha mulher não sabe viver fora da cidade.
ResponderExcluirE as minhas filhas também.
Boa semana
Verdade. Só li verdades nessa poesia.
ResponderExcluirBoa semana!
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Até mais, Emerson Garcia
Daniel, que beleza triste tem tua escrita… É quase um protesto sussurrado desses que a gente lê com os olhos e escuta com o estômago.
ResponderExcluirA cidade grande, com suas sirenes miando e seus vizinhos insuspeitos, é esse lugar onde o sonho tropeça na pressa e o futuro vem cobrado em boletos vencidos. Mas olha, mesmo assim, tua poesia resiste.
E isso já é uma forma de viver talvez a mais corajosa.
Obrigada por transformar o que sentes em palavra que toca.
Abraço com alma,
Fernanda
Querido amigo André, tudo que escreveste é verdadeiro, é o sufoco das grandes cidades e pagamos alto preço por termos muito e não termos paz!
ResponderExcluirEstou numa mudança dentro de mim, fazer o que preciso, calmamente, e o resto, consumir sem necessidade, discussões por ideologia, briguinhas no condomínio e um trololó infinito com aqueles que precisam discutir, precisam se impor etc. e tal, não tem mais vez comigo. Estou fixada na paz de espírito! E antes tarde do que nunca.
Um poema tocante, amigo, te aplaudo!
Um ótimo fim de semana e um grande abraço daqui do Sul !