Vai, Francisco,
pastor dos pobres e do pó,
com o vento das ruas na alma cansada.
Carregas no peito as chagas do mundo,
os nomes que a terra sussurra calada.
Disseste: “A Igreja não é muro, é travessia.”
E foste, sem medo, aos sem-voz, aos sem-teto.
Ali, teu abraço virou altar vivo,
e tua fé, ponte sobre o concreto.
A estrutura tremeu, clamando por renovação.
“Quem sou eu para julgar?”, murmuraste,
e o céu, surpreso, chorou de esperança.
Chamaram-te fraco, foste rocha.
Chamaram-te herege, foste luz.
Erguiste tua voz contra as guerras surdas,
contra o medo que cala e conduz.
Mostraste que Deus habita
na lágrima partilhada, no pão dividido,
no olhar que acolhe sem perguntar.
A morte não te apaga, te espalha.
Vai, Francisco, ecoa nos ventos,
nas vielas, nos que ousam amar.







