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Vou mostrando como sou, e vou sendo como posso. Insta: @danielrprj

25 de agosto de 2023

O Amor Segundo Dali

 

Nas asas de um peixe dourado,
o amor flutua, leve, encantado.
Enquanto o luar de manteiga
derrete corações em aquarela,
relógios de areia borbulham compassos
onde borboletas dançam com ideias belas.

Beijos caem — chuva de estrelas,
todas coloridas, todas brilhantes.
Abraços nascem em troncos antigos,
raízes que se entrelaçam no silêncio das almas,
no jardim da mente onde os sonhos, amantes,
florescem em gestos, eternos e mágicos.

O amor, ah, o amor... é um relógio que goteja,
mas ali o tempo não tem pressa,
desliza entre as fendas das dimensões,
em um mundo sem amarras nem promessas.
A realidade se curva, suave e torta,
e o coração, tela em branco que pulsa,
acolhe pinceladas raras —
cores do delírio que a paixão exalta.

Daniel André

12 de agosto de 2023

Uma xicara de café.

 


Acordei antes dos galos.
Alguns ainda dormiam, outros roncavam
numa rebelião contra o nascer do dia.
Na varanda, o gato e o cachorro
se abraçavam como quem sabia:
o amor é bicho que não late nem mia, só sente.

A lua, com olhar de despedida,
saía de fininho —
uma amante noturna
com brilho no canto do olho.

Os deuses sopravam nas árvores,
e tudo dançava:
o céu, pintado com insetos, folhas,
flores em voo suave,
recebia os primeiros fios dourados
do sol, ainda envergonhado.

O perfume do café
despertava a saliva como um beijo roubado.
Lírios da paz balançavam devagar,
num balé com folhas secas
que flutuavam como cartas de amor
na água calma da piscina.

Não sei o que é a vida.
Talvez seja isso:
esses instantes escondidos no silêncio,
esses detalhes tímidos, esquecidos,
que sussurram poesia e ninguém escuta.

Tudo se encaixa, quadro invisível
pendurado na parede do tempo.
E eu, de pernas cruzadas,
com uma xícara de café nas mãos,
assisto — sem entender,
mas em paz.

Daniel André

4 de agosto de 2023

Samba do amor sem manual

 

O amor não pede desculpa,
não precisa permissão.
Chega firme, veste a alma,
não se curva à tradição.
Grita alto, beija à luz,
tem orgulho de quem é.
E se o mundo fecha a porta,
ele entra pela fé.

Moço ama outro moço,
moça beija outra moça,
e quem vive só julgando
é que anda de alma oca.
Amar nunca foi pecado,
pecado é não entender
que a vida só faz sentido
quando é livre pra viver.

Bandeira não é ofensa,
é promessa de calor.
Preconceito é que envergonha,
não a forma de amor.
E se alguém disser que é feio,
que não vale, que é banal —
é só mais um cego andando
com o coração sem sal.

- Daniel André