É no inverno que me dispo das urgências
e visto silêncios como quem veste lã.
As palavras encolhem, tímidas,
nos cantos da boca que prefere o chá.
O mundo desacelera sua pressa
ordinária,
e cada sopro de vento parece um sussurro antigo
como se a Terra contasse segredos
só aos que ousam escutar com os ossos.
As árvores, essas esculturas de
paciência,
esticam seus galhos como antenas
buscando sinais de alguma verdade solar,
enquanto os homens …
seguem ignorando o próprio eco.
Entre cobertores e olhares demorados,
descubro que o calor mais raro
não vem da lareira acesa,
mas da alma que arde em meio ao deserto gelado da multidão.
E quando caminho por ruas desertas,
escuto meus próprios passos me seguindo,
como se meu outro eu, aquele mais inteiro
só se atrevesse a existir no inverno.
Daniel André
Olá, amigo Daniel!
ResponderExcluirA pressa é mesmo ordinária no sentido literal. Não vale a pena!
Desacelerar é urgente num mundo tão cheio de correrias múltiplos.
"A alma que arde em meio ao deserto gelado da multidão."
É sim um estado da la bem invernal...
Escutar os próprios passos é sinal de sabedoria, é sinal de que estamos sintonizados conosco, sem avançar nem retardar nossas ações.
Vamos resistindo ao frio da alma e ao gelo do clima no Brasil.
Gosto muito de poemas reflexivos, como o seu.
Tenha dias abençoados!
Abraços fraternos de paz
Precisamos nos despir das urgências e desacelerar...
ResponderExcluirHá tanto pra ver e viver com mais calma!
Lindo!
abraços, tudo de bom,chica
Oi Daniel
ResponderExcluirO inverno é pausa, é a espera da primavera.
Sim, sem urgências. É aquele céu cinzento, o friozinho bom., os aconchegos da casa .Tudo parece ausente é a natureza que está em paz. Bonito seu poema e agasalhe-se . Um abraço
Parece que o Poeta tem uma relação especial com o inverno. Desaceleração, sussurros, almas solitárias porém aquecidas no meio da multidão...e o que o seu eu inteiro, viva todas as épocas do ano com a mesma intensidade. O verão vem aí.
ResponderExcluirabraços, poeta.
Daniel, que sussurro mais lindo esse teu poema à conexão com a natureza, com a vida que pede pausas, silêncios, palavras poucas. Tempo de aquietar e aquecer. Precisamos viver isso e não a correria que nos tira os ritmos naturais.
ResponderExcluirAs esculturas de paciência... ah como elas estão maltratadas e sendo eliminadas brutal e abruptamente na capital de São Paulo, onde as construtoras dos enormes edifícios nunca ouvem os sussurros da Terra.
Abraço
ana paula
Ei Moço!
ResponderExcluirSaudade de vir aqui.
Que lindos e sentidos versos.
Aproveito e deixo
Bjins
de bom domingo.
CatiahôAlc.
Olá, querido amigo, mas que belo poema!
ResponderExcluirSem dúvida, como aqui no sul é muito frio, o inverno ajuda
a desacelerar bastante de tudo, um processo de ficar mais
aquecido no coração, na mente, reflexões para todos os cantos, porque o frio é convidado, ajuda esses momentos de mais paz.
Lindo, lindo, amigo.
Um feliz domingo pra você!
Bj e abraços daqui do Rio Grande do Sul.
Olá, amigo André, meus parabéns, caro poeta,
ResponderExcluirpelo seu belo poema que gostei muito de ler!
Uma boa semana, com paz, saúde e belas poesia.
Grande abraço.
Olá, amiga Adré!
ResponderExcluirGostei destes "Silêncios de Inverno".
Defines com rara beleza poética, as vicissitudes e as características do Inverno.
Parabéns pela inspiração!
Muito obrigado, pela visita e gentil comentário no meu cantinho.
Deixo os votos de uma feliz semana, com tudo de bom.
Abraço de amizade.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com
Verão tórrido aqui em Macau.
ResponderExcluirAbraço, boa semana
Silêncios de inverno. Um poema que desnuda mudanças da natureza e da humana. Revela o quanto é significativo o inverno para um mergulho em si mesmo ao aproveitar o clima frio e redescobrir o que recobre o Eu durante o recolhimento; a mudança de temperatura por dentro o que leva o eu à reflexão, à meditação. Não é um silêncio, são silêncios que medram. Como o eu em seu monólogo descobre o quanto é enriquecedor o inverno em relação aos ciclos que antecederam a chegada do inverso. Ressalte-se a beleza da imagética utilizada para a atmosfera que emerge do poema.
ResponderExcluirUm poema grandioso, intenso!
Grande abraço,
Que delicadeza e sensibilidade neste poema! ❄️ A forma como retratas o inverno como um estado de alma, vestindo silêncios e mostrando a paciência das árvores, toca profundamente. É um convite a desacelerar e encontrar calor na alma, mesmo no frio da multidão.
ResponderExcluir💜 Desejo-te uma excelente semana!
Com carinho,
Daniela Silva
🔗 https://alma-leveblog.blogspot.com
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Belíssimo Dan! Um belo jeito de passar pelo frio do inverso! Pausando e dando voz à poesia! Amei!
ResponderExcluirAbraço!
Daniel, tudo aqui é muito lindo e você tem o dom de conquistar as pessoas por sua delicadeza e sensibilidade na escrita!
ResponderExcluirEncantada novamente com o seu poema invernal, tenho certeza de que o li na semana anterior , mas não agradeci como deveria por palavras tão bonitas!!
Lindo final de semana!!