Despida a alma, amor, sem véus guardados,
não peço o corpo, mas tua essência clara;
quero o silêncio onde a verdade ampara,
teus olhos nus em céus iluminados.
Sem
máscaras sutis, gestos forjados,
sorrir contigo é dádiva tão rara;
é ter no íntimo a chama que repara
o mundo e o veste em risos revelados.
Quero
tocar a luz que em ti se acende,
não no fugaz, mas no que permanece,
na eternidade que em teus olhos tende.
E
quando a vida em nossos braços tece,
serei metade que em metade entende:
somos inteiros, e o amor nos enobrece.
- Daniel André
