Quem sou eu

- Dan André
- Vou mostrando como sou, e vou sendo como posso. Insta: @danielrprj
29 de setembro de 2013
Perfeita dor
28 de setembro de 2013
Cafajeste
Chuva de Doçura
As crianças não dormiram.
Algumas, disseram, acordaram os galos
pra o dia nascer mais cedo —
sabiam:
uma chuva de doces
ia cair do céu.
Foram pra escola de olho nas nuvens.
A professora, com giz na mão,
escrevia no quadro a lição:
"Prestem atenção no que é divino agora,
pra no futuro… ser boa gente de coração."
O sino tocou forte.
O fim da aula soou como mil sinos.
No céu — um temporal colorido
ficou parado, promissor.
Grãozinhos de quichute
correram pras ruas,
mochilas abertas,
fazendo escarcéu no ar.
Doces desciam dos céus e das janelas.
Crianças cruzavam becos, gramados,
sorrisos nos pés,
mãos nas alturas.
A vizinhança ajudava o milagre:
guloseimas, brinquedos,
papéis brilhantes,
e um amor antigo por São Cosme e Damião.
Corriam anjos pequenos,
com suspiros, pirulitos,
doce de amendoim,
mariola, pipoca de arroz,
e aquele doce de leite que gruda na alma.
Tinha chiclete Ping Pong,
balas Juquinha, maria-mole,
paçoca, jujuba, geleia enrolada no papel,
guarda-chuva de chocolate,
doce de abóbora bem fiel.
E depois —
um copo gelado de Grapette de uva,
pra selar a comunhão da infância.
Nos rostos, alegria escorria.
No corpo, o cansaço do corre-corre,
mas nos olhos…
o brilho de quem só queria
um colchão de algodão-doce
pra dormir abraçado com o dia.
E para quem tem fé e acredita:
Salve São Cosme e São Damião!
- Daniel André
23 de setembro de 2013
Moça com flor no cabelo
22 de setembro de 2013
Amemos !
Foram tantas gargalhadas
que aquela noite,
ah... aquela noite —
jamais adormecerá.
Que eu te ame,
que tu me ames,
Amemos!
Conversamos sobre Nietzsche,
e ali, entre goles e ideias,
descobrimos que a única religião,
a mais pura sobre esta Terra,
nos olhos de algum Deus distraído,
só pode ser o amor.
Amemos!
Ouvimos Novos Baianos,
secos... molhamos o que era seco,
fumamos a vida em papel de riso,
e, sem perceber, estávamos ali:
sentados, quase cochilando —
e nascendo.
Era ele.
O amor.
Amemos!
Sabíamos de quase nada.
E mesmo assim,
encontramos espelhos,
desacertos,
e discutimos como filhotes de algo vivo.
Foram tantos encontros
que o tempo...
esqueceu de passar.
Amemos!
Peguei tua mão.
Olhei fundo,
nessas bolinhas de Vênus que carregas.
Tu me olhavas com candura,
e eu, num sopro de coragem,
aproximei a boca da tua
e disse o que sempre soube:
"Sempre te amei."
Amemos!