Quis te mostrar a luz da felicidade,
acolher teu caminho e tua rua,
te dei a vida inteira, quase nua,
em nome do amor e da vontade.
Mas tua fome, em sua intensidade,
devorou o afeto que era lua.
E eu, cansado dessa dor tão crua,
aprendi a amar na liberdade.
Teus sonhos, presos, murcharam comigo,
mas flores nascem no chão do perigo.
Renasci nas cidades que abracei.
E enfim, sem medo, vi que o amor é inteiro:
não o que prende, mas o verdadeiro,
que me levou de volta ao que encontrei: a mim.
Daniel André




