Pra acalmar a alma,
bastava uma casa pequena,
grama de lençol,
um pé de manga com balanço
que empurra a gente pro céu,
como se o vento tivesse mãos.
Na
estante, o Santo Expedito vigia,
as espadas de São Jorge guardam silêncio.
Jesus abençoa os avós
na foto que sorri mais que a parede.
A
vitrola chia Clara Nunes,
e o ruído vira carinho.
O chão, vermelho e gasto,
acolhe meu cansaço.
Basta
um café com água no filtro de barro,
feito devagar,
e o cão na porta de casa
vendo o infinito piscar.
A
paz não grita.
Ela sussurra,
num lar simples
de alma lavada.
Era
isso. Sempre foi.
—
Daniel André