Caminhei só, por trilhas do tempo,
entre folhas caídas num outono calado.
Sombra e luz se alternavam no passo,
enquanto a vida, silenciosa, passava.
Nos olhos, brilhos de promessas antigas,
abraços e sorrisos que o tempo levou.
O que não foi — como estrelas distantes —
ainda brilha, sob o véu do que restou.
A juventude é um rio em correnteza,
desce veloz pelas encostas dos dias.
A velhice vem com seu manto tranquilo,
tecendo sabedoria nas dobras da vida.
As flores murcham, as chances também,
mas cada perda ensina o valor do caminho.
E as memórias, como vinho repousado,
guardam o gosto doce do que foi carinho.
Mesmo que o amanhã traga incerteza e dor,
há beleza em lembrar, em sentir, em ter sido.
Porque no fim, a escolha sempre foi o amor —
o que carregamos, mesmo quando tudo é ido.
Daniel André
Uma recordação com essa linda canção, que traz a lembrança da minha infância.