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Vou mostrando como sou, e vou sendo como posso. Insta: @danielrprj

6 de janeiro de 2025

Aquele disco

 


Um belo dia, resolvi mudar
— sussurrou Rita Lee pelas minhas engenharias auditivas —
trocando o “o que será que vão pensar de mim?”
por um glorioso: “foda-se, a vida é minha!”
E vou vivê-la, inteira, sem rodar em loop de censura alheia.

Disseram que gato tem sete vidas.
Pois eu? Já dancei umas quinze.
E vou pra mais,
sem desperdiçar nenhuma em opiniões com cheiro de naftalina.

Preso neste corpo de vinil iluminado,
como faixa esquecida num lado B que te arrebata,
sigo:
planando no som que me arranca do chão
pra dançar com anjos sambistas de calça boca-de-sino.

É suor mergulhado em batidas,
é banho de ousadia sem enxágue,
misturado às vozes bêbadas de alegria genuína.
Todos aqueles artistas loucos —
esses orixás da farra e da dor —
sabiam bem:
pra letra repetida, seja em tristeza ou fantasia,
não há remédio melhor que virar o disco.

Daniel André