Na primeira troca de olhar,
caímos silenciosos no abismo.
Ali, entre duas íris que tremem,
reconhecemos o medo
e a antiga fome do outro.
Não houve engano:
somos noite que se veste de si mesma.
No teu corpo, deslizo mapas
onde o desejo acende nomes
que só a pele entende.
A alma bebe do que arde.
Somos impulso e verso,
paixão que cresce — inteira — no toque.
E se o amor é chama que fala pelo corpo,
que continue a florescer em nós,
mesmo quando o sono
nos devolve ao escuro.
— Daniel André

