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Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil
Vou mostrando como sou, e vou sendo como posso. Insta: @danielrprj

25 de junho de 2020

Ilhas

 

Japamala entrelaçado nas mãos
invoco a paz entre os irmãos
e canalizo na respiração que transporta
o silêncio, a consciência e amor
a gota cósmica da vida,
que forma a unicidade do que é ser uma flor
ou uma fisgada nos sentimentos
que faz entender o sentido da dor
e nesse fio condutor 
tenho a singularidade a meu favor
não sou igual a ninguém.

Na fusão da emoção com o verbo,

a composição de um diário secreto
que por vezes, fingi ser esperto
mas é uma inocente ilha brilhante
tão presente e tão distante
como a pretensiosa flecha na velocidade da luz
que não consegue chegar ao teu cardio,
tardios encantos, quando as palavras
criaram asas para te substantivar negativamente.
 
Os ventos do sul, sopravam a primavera
e nela, as contas da meditação e flores
perfumadas trazidas para me abençoar.

Vi pétalas de rosas brancas voando
e senti um girassol nascer em meu peito.
Os sinos sufocados de apelo da alma,
tocaram com calma, para que fosse reintegrado
a cura, o carinho, a união.
Mãos entrelaçadas, somos ilhas querendo paz
e uma resposta para sua oração.
 
Daniel André.

3 de junho de 2020

Ecos de dor

Ainda estou na escravatura?
Ecoam dores antigas,
chicotes que, mesmo invisíveis,
vergastam minhas raízes,
a alma, essa teimosa sobrevivente
apenas por ousar existir
como eu sou.

A melanina, viajante forçada,
cruzou mares amargos
e séculos de grilhões,
erguendo, com suor e sangue,
o progresso de uma nação
que fingiu não ver
o açoite que a alimentava.

E já não quer mais
ocultar-se em quilombos de silêncio.

Escuto, sinto a dor ancestral,
essa herança que nunca pedi,
e clamo que a luta por igualdade
ecoará, firme, inquebrantável,
até que a dívida histórica
seja enfim paga
com o único tributo digno:
o respeito.


Daniel André