Extravagante? Talvez.
Ou só esse jeito gasto de ser
jeans desfiado de tanta vida
e uma blusa que insiste em cair do ombro,
como meus velhos “sim”.
Carrego um chapéu cinza
onde dormem lembranças antigas:
risos de colégio, bilhetes tortos,
vozes que ainda esquentam o peito.
Desço o morro.
Bar da esquina.
Gente de sempre.
A conversa começa sem pedir licença.
Depois, na praça,
sopro histórias ao vento
e os cachorros abanam o tempo
como se fosse brinquedo.
Caminho devagar
pelas cortinas do que fui,
abraçando o mundo
com palavras que me sobram
e o chapéu
meu adorno mais verdadeiro.
Daniel André

