No alto das árvores brotam
orvalhos esmeralda que nem sabem ser jóia.
São só o jeito da manhã
de fazer poesia sem se vangloriar.
As plantas do quintal vivem de trocadilhos verdes:
umas riem com pétalas abertas,
outras choram perfume,
todas desenhando mandalas que o vento corrige.
Pássaros, esses pintores sem diploma,
borram tintas no céu azul
como quem assina quadro
mas finge que foi acidente.
A terra, deitada em luz,
parece um ventre quieto que guardam a paz.
E guarda também minhas desimportâncias,
minhas poeiras que não voltam mais.
parece um ventre quieto que guardam a paz.
E guarda também minhas desimportâncias,
minhas poeiras que não voltam mais.
Há um rio secreto no quintal,
feito de lembranças lavadas.
Nele eu deixo o que fui
pra ver se nasço de novo, feito semente distraída.
Daniel André
