Da terra irrompem torres brilhantes,
espetáculos de vidro e ambição.
No altar do progresso,
derrubam memórias
como quem varre poeira antiga.
Casas caladas sucumbem.
Fachadas que eram história
desaparecem sob a pressa metálica
dessa globalização
um mundo polido demais
para caber gente.
Ainda assim, sonho voltar
a uma cidade com alma:
um Rio de charme gasto,
uma São Paulo de esquina viva,
onde cada prédio contava algo
além da própria altura.
Porque progresso real,
sabemos, também cultiva flor
e poesia no fim da tarde.
Daniel André - 2014
