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Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil
Vou mostrando como sou, e vou sendo como posso. Insta: @danielrprj

29 de novembro de 2014

Do ciúme


Se um amor se põe em tarde cansada,
no outro ascende um sol impaciente.
O silêncio, que antes fingia calma,
arde súbito, feroz, transparente.

Quando escorre no peito, vacila o mundo;
nenhum abrigo sustenta seu peso.
Pede demais, do pouco que existe
pois o ciúme é fome sem endereço.

Nele, ama-se com a mão tremendo,
confia-se temendo a mesma entrega.
Perdoa-se antes, por puro pavor,
e o coração vigia o que apega.

Mas há um sopro leve, quase inocente,
onde o ciúme é brisa que passa e some:
não fere, não morde, não faz teatro 
apenas dá sabor ao nome do homem.

Daniel André 2014

25 de novembro de 2014

Dedo de Deus


Subo.
A alma leve, o coração quente,
e meia dúzia de versos
para fingir que sei o caminho.

Piso a fé como quem pisa pedra.
O silêncio me acompanha
e as palavras empurram
quando o fôlego não quer.

Toco o alto
não o divino em si,
mas um gesto dele
gravado em rocha e vento.
Peço o óbvio: amor inteiro,
respeito calmo, paz que viva.

Desço outro.
Trago um resto de céu na mão
e a ideia teimosa
de que, se tentarmos,
a gente ainda pode ser irmão.

Daniel André 2014