O mundo repousa em sombra.
No fundo do medo,
anjos e feridas disputam silêncio,
enquanto duas estrelas choram
como quem pressente mudança.
Uma criança vaga no frio,
carregando sonhos desfeitos.
Procura um lar que nunca houve
e cresce, devagar,
entre restos de galáxias partidas.
A alma gira no que dói.
Foge, retorna, se refaz
até que a esperança acenda
o que a morte tentou calar.
E ali, no divã,
você recolhe a própria vida
com a delicadeza de quem renasce.
Daniel André 2014





