O meu amor
segue na humilde, inaudível velocidade
de um Fusca amarelo Java,
por uma estrada que é pétala de girassol,
sempre voltada para a luz.
Dentro do meu modesto Fusca 73,
o vento penteia meus pensamentos
e acaricia meu rosto sorridente.
Ligo o toca-sonhos,
e deixo a paixão escorrer
como suor de alma cansada.
Sigo rumo ao mar,
para amar o meu solitário
e incompreensível eu.
Nas curvas da felicidade,
flores brotam do meu peito casto.
Celebro, sem pudor,
a pureza do meu coração
tocado por agrados da brisa,
beijado pela espuma do tempo.
Sou afluente das emoções,
rio que corre dentro do peito.
Após muitos quilômetros de encantos,
entre paisagens que só a alma vê,
avisto, enfim,
a praia do amor.
Sinto a virgindade da areia sob meus pés,
o descarrego da alma
quando mergulho na água salgada,
livre, leve, entregue.
E no farol do meu velho confidente Fusca,
vejo o oceano inteiro se perder
dentro de mim.
Daniel André