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23 de junho de 2024

Dois caras negros

 


Ainda é madrugada, e
dois robustos de ébano
caminham ao sabor do vento
pés que sambam no asfalto
o ritual das sombras
e da lua cheia ardente.
 
Um, com a pele de noite estrelada
incorporado por um sagitário
que carrega o universo na flecha
o outro, feito de terra e de mar
tem o horizonte tatuado na alma
 
são viajantes do tempo
suspenso,
onde o real se mistura ao sonho
e o sonho
de concreto
e fugidias lembranças.
 
seus olhos, mapa de uma África perdida
de histórias de uma diáspora infinita
- herdeiros de deuses e de rainhas.
 
e de madrugada, dois caras negros
se recusam ser a poesia escrita
- andando na rua -
a silenciosa revolução da ousadia.
 
(A fumaça sobe ...)
 
Daniel André

Um comentário:

Agradeço a sua visita e comentário. Abraços, Dan.